domingo, janeiro 15, 2006 

"Isto só me acontece a mim"

  A vida está cheia de motivos para sorrirmos. Se não vejamos. A 1ª Companhia já acabou. Os D´Arrasar parecem, por enquanto, ter abrandado o ritmo da sua carreira musical. Somos um dos países com maior taxa de exportação de cortiça. Todavia, temos igualmente muitas razões para chorar desalmadamente. Os D´ZRT ainda podem vaguear livremente pelas ruas sem serem presos. Caso liguemos a TV pela manhã, corremos o risco de sermos submetidos à tortura de ver a Fátima Lopes a falar, com lágrimas de emoção sentida e genuína a escorrerem pela face, de casos de leucemia, acidentes de viação, homicídios, violações e outras desgraças. Contudo estes são problemas públicos, algo comum a todos nós, impessoal, generalizado. No entanto existem no decorrer das nossas vidas pequenos dramas íntimos que mantemos secretos, ora por vergonha, ora por pensarmos que aquilo apenas nos acontece a nós. São verdadeiros flagelos que embora muitas vezes se mantenham assunto tabú nas conversas, atormenta a pouco e pouco o nosso dia-a-dia.
  Resolvemos então trazer para a luz do dia alguns destes dramas, dissecá-los e exorcizá-los através do documento "C´oa breca, isto só me acontece a mim":

- Estar em pleno duche, coberto(a) de uma camada de gel duche/óleo corporal/sabão quando subitamente se sente água que parece importada directamente do topo da Serra da Estrela a escorrer pelo corpo. É o mítico fim da água quente na altura errada. A face do indivíduo distorce-se então devido à dor incomportável e solta-se um uivo lancinante. É visível então um dos cenários mais depriments do nosso quotidiano. O indivíduo circula pela casa semi-nú, unicamente com uma toalha a ocultar as partes mais sensíveis, ainda todo ensaboado, deixando um rasto de espuma por onde passa. Dirige-se então para o esquentador/caldeira, mesmo não percebendo nada de canalização, na esperança de que, num milagre divino, ao rodar uma torneira qualquer, volte a jorrar a desejada água fervente. Mas na grande maioria das vezes isso não acontece, e a pessoa regressa desolada para o duche, onde se submete à macabra tortura que é um banho frio, cujo carácter masoquista é apenas comparável ao visionamento de dois episódios seguidos de uma novela da TVI.

- Onde está a roupa interior? Imagine um dia em que depois de um banho relaxante no balneário, ao dirigir-se ao seu saco para se vestir, não encontra a roupa interior lavada. Se há alturas da nossa vida nas quais temos de tomar decisões vitais e preponderantes, esta é uma delas. Por um lado podemos ir à caçador para casa sem nada por de baixo das calças. Por outro, temos a hipótese de vestir aqueles boxers imundos e com enormes manchas húmidas, fruto da acumulação do suor. Qualquer uma destas situações é embaraçosa e facilmente identificável, pois estes indivíduos demoram mais tempo a secar-se com a toalha, esfregando-a repetidamente por todas as partes do corpo e tentando desviar os colegas para fora do balneário a fim de não verem a sua triste figura.

- Tampo da sanita extremamente frio. É um flagelo particularmente frequente no Inverno. Nesta época, aquele altar da evacuação fisiológica torna-se um verdadeiro cubo de gelo. Gera-se então um ritual de aproximação cauteloso. O indivíduo fita a sanita desconfiadamente, qual leão fita a presa, enquanto caminha na sua direcção. À medida que se senta as feições da face endurecem e os olhos semicerram-se pela consciência da dor cruel que em breve irá sentir. É possível escolher então entre um de dois métodos. Se for um principiante na matéria, ainda pouco calejado na arte de bem colocar o seu traseiro na sanita, aconselhamos que coloque uma nádega de cada vez no dito dispositivo. Assim, embora a choque térmico dure mais tempo, será menos brusco e mais suave (mas mesmo assim doloroso). Contudo, caso considere que possui uma resistência sobrehumana, e seja mesmo capaz de ouvir mais de 2 minutos de músicas dos Anjos sem vomitar, poderá tentar sentar a duas nádegas simultaneamente. A dor neste processo passa mais rapidamente, mas é sem dúvida mais aguda e intensa enquanto dura. É um método aconselhado a alguém mais vivido e mais habituado a estas lides.
  Para quem o simples pensamento de se aproximar de uma sanita no Inverno é suficiente para causar terror e pânico, chegando mesmo a preferir evacuar num qualquer canteiro ou moita da área de residência, trazemos uma palavra de alento e esperança. Parece existir já uma solução aceitável, que se trata da utilização de tampos de madeira, igualmente confortáveis, e menos susceptíveis a variações térmicas. Deixamos aqui um forte bem haja ao inventor desta tecnologia.

- Dejectos animais espremidos pela sola do sapato. Este é provavelmente um dos cenários mais humilhantes e certamente um dos mais mal cheirosos. Por diversas vezes já assistimos a pessoas que ao percorrerem inocentemente um passeio atingem uma mina colocada previamente por animais fracamente educados pelos donos. Nalgumas situações o indivíduo até se dá conta de que está prestes a pisar o dito acumulado formado por um suculento esterco de cão, tentando então em milésimas de segundo desviar o pé a todo o custo. Nestas milésimas de segundo o pobre coitado agonia-se, contrai-se, grunhe, gesticula, tenta num acto de bravura desviar-se do infame e indesejado dejecto, mas o seu destino já está traçado. Um segundo depois é o horror de todos e lá está o mole monte acastanhado completamente esmagado e com uma marca do calçado do desgraçado, qual pegada do O’neill na Lua! Mas este nem é o cenário mais grave, pois o visado apercebe-se do incidente. Dirige-se então ao tufo de relva mais próximo onde freneticamente fricciona a zona contaminada. Contudo, nos piores casos, o indivíduo nem se apercebe e o deslize é apenas detectado quando se forma um enorme rasto de pegadas deixadas pelo caminho e alguém se lembra de fazer a pergunta dos 10 Milhões de euros: “Quem é que calcou m#$*?”. Caso o desgraçado esteja em maré de azar, o cheiro é apenas notado quando o indivíduo entra num recinto fechado onde todos começam a fungar e a questionar-se da razão do odor, sendo por fim o pobre coitado, qual mártir da higiene pedonal, prontamente banido e exilado do recinto.

- Ser atingido por excrementos de pombo. Na melhor das hipóteses, sente-se o peso morno do esterco da ave e temos a hipótese de tentar disfarçar de qualquer forma. Mas usualmente não se nota nada até sermos interpelados por alguém que a alto e bom som grita "Eh diacho, um pombo satisfez as suas necessidades fisiológicas em cima de ti!" e reparamos no amontoado de porcaria. Definitivamente humilhante. De qualquer maneira, ser vítima desta situação deixa qualquer um frustrado e a questionar que desígnio divino terá feito com que o maldito pombo (que esperamos que seja abatido por uma pressão de ar num futuro próximo) aliviasse a tripa no exacto instante em que passávamos por debaixo dele. Por que não um metro antes, porque não um metro depois. É que ainda a nódoa entranha-se de tal forma na roupa que não ha Skip sabão natural nem Blanka Oxiaction que lhe calha. Quanto mais se limpa, mais ela borrata e aumenta de dimensões tornando-se passado pouco tempo o nosso vestuário num autêntico cartaz que anuncia a quem passa "um pombo aliviou-se aqui". É triste e deprimente sentir que um ser abaixo de nós na cadeia alimentar nos humilha desta forma, mas acontece.

- Via pública congestionada. Algo que pode levar o mais santo dos santos a desejar uma caçadeira de canos cerrados. Ora quantas vezes já não aconteceu estarmos inocentemente a pensar na nossa vida enquanto nos dirigimos para um certo sítio quando de repente temos que fazer uma paragem quase brusca, ao depararmo-nos com algúem que deslocando-se a uma velocidade estupidamente lenta, nos quebra o ritmo de movimento . Se por vezes é possível contornar a situação afantando-nos alguns metros para o lado, noutras tal é fisicamente impossível. O papel de anti-herói destas histórias é usualmente protagonizado por velhinhas de andarilho, idosos de bengala ou grupos de pessoas que fazem da via pública a própria casa. Nalguns cenários tais como escadas, passeios estreitos, corredores atrofiados ou portas, o simples acto de ultrapassagem pela direita torna-se uma tarefa que só os mais aptos e experientes conseguem realizar. Para os outros, resta-lhes a espera interminável, sempre acompanhada de rezas para que um raio fulmine o vil destruidor da boa fluência da via pública. Como é possivel que estas pessoas que bloqueiam a passagem a indivíduos que conseguem andar ao ritmo de mais de 1 passo por segundo, não se apercebam disto? Imaginem o que seria estar num corredor de 2km à espera que um grupo do Lar da Santa Casa da Misericórdia o atravessasse. Certamente as palavras tédio absoluto e rancor condensado lhe vieram à cabeça. Mesmo Tony Ramos deixaria que lhe rapassem a sua pilosidade exuberante em troca de uma via por onde passar.

  Falar destes pequenos dramas e medos realmente deseperta muitas recordações...errr..quer dizer....recordações de histórias que nos contaram! Quem nos falou disto foi.....um amigo...dum vizinho.....dum primo....dum amigo. Sim foi isso. Nunca estivemos em situações destas...Nunca!

Cumprimentos daqueles que nunca pisaram esterco de cão,
Lordmaster & Freemantle

segunda-feira, dezembro 19, 2005 

Legalize?

São muitos e variados os temas que provocam inflamadas discussões na nossa sociedade. A pesca da garoupa, o aborto, o torneio de sueca da Amadora, a fome no mundo, entre outros. Mas parece-nos que certos e determinados temas, de igual ou superior importância, são esquecidos de forma imperdoável. Referimo-nos a questões como a descarga de excrecções de suínos em rios e a legalização das drogas leves. É precisamente este último tema que mais nos preocupa, mas, ao contrário da maior parte da sociedade, não é a questão do ser legal ou ilegal consumir que mais nos preocupa. Vivemos numa sociedade fortemente consumista, e com a crescente modernização e surgimento das grandes superfícies comerciais, cada vez mais as pessoas optam por estes locais para fazerem as suas compras. Ora, este facto prejudica gravemente o comércio tradicional, que se encontra num crescente estado de declínio. Neste contexto, preocupa-nos extremamente a legalização das drogas leves, já que a venda da droga se trata actualmente de um dos últimos redutos deste tipo de comércio. Com a legalização acabaria o contacto pessoal com o dealer, com o qual já se tem uma relação de amizade e companheirismo. Não haveria mais o atendimento personalizado, com os habituais "Leve desta Sr.Jacinta, que chegou mesmo há pouco e é fresquinha!" e "Essa não lhe aconselho Dr. Martins, não é da melhor" ou mesmo "Tinha aqui esta mesmo guardadinha para si!". Ahh, esta relação tem algo de digno e bonito. Mesmo depois de pensarmos nesta grande perda que a legalização das drogas leves iria provocar, resolvemos manter uma posição imparcial e analisar as vantagens da legalização. E após algum tempo de exaustiva reflexão e raciocínio lá as encontrámos. Por um lado, embora o dealer seja supostamente alguém de confiança, por vezes este engana o ingénuo cliente. Não são raras as ocasiões em que farinha de trigo para culinária é vendida como cocaína e estrume biológico como ganza. Deprimente. Mas a legalização da droga vai igualmente abrir portas a um novo tipo de convívio social, tornando as farmácias (locais mais prováveis de venda dos ditos narcóticos) santuários da trocas de experiências de vida. Imaginem só. Reunir no mesmo espaço velhas a irem comprar os seus medicamentos para o reumatismo, senhoras a irem comprar testes de gravidez, homens a irem buscar o seu viagra e pessoal a ir buscar a sua dose. Enquanto aguardavam a sua vez na fila de espera, iriam ocorrer interessantes discussões acerca de temas diversos como a artrite reumatóide , a droga que dá a melhor moca, a disfunção eréctil...Que forma sublime de juntar as várias gerações, com problemas tão diferentes, no mesmo local. Mas todo esta afluência a estes estabelecimentos iria provocar a necessidade de aumentar o número de farmácias. Isto porquê? Ao reunir-se num espaço pequeno um grande número de pessoas, muitas das quais doentes, paradas à espera da sua vez, origina-se o famoso síndrome de autocarro cheio, cujos sintomas são: cheiro desagradável não identificável, velhas a tossirem a 10 cm de nós, estarmos entalados entre duas pessoas cheias de suor que não conhecemos de nenhum lado. Nada agradável. Mas quem iria lucrar com o aumento do número de farmácias seria o governo, pois todos sabemos que no comércio tradicional há sempre aquela esquiva inocente aos impostos. É triste, mas muitos dealers, contra todas as directivas do Sindicato Nacional de Dealers (SND), não declaram muitos dos seus rendimentos à Segurança Social, e a fiscalização não é muito intensa. Nas farmácias já não seria assim. Ficámos então divididos entre a defesa do comércio tradicional e o estímulo das trocas culturais e a entrada de dinheiro por parte dos impostos. Sempre nos questionámos sobre qual seria a melhor resposta para esta questão, que nos atormenta e angustia quase tanto como quando soubemos que os Delfins tinham lançado um novo DVD. Concluimos então que apenas alguém com experiência no mundo da droga, um conhecedor do assunto, poderia falar sobre este tema (isto tendo em conta que a nossa experiência com drogas se limita a aspirinas e pouco mais). Pensámos então: quem melhor que os nossos leitores? Apenas alguém profundamente afectado por drogas e narcóticos poderia perder tempo a ler este blog. Pedimos então a vossa opinião que esperamos com ansiedade.
Com os sinceros cumprimentos,
LordMaster & Freemantle

quinta-feira, novembro 03, 2005 

Que cheiro é este?

São muitas as características próprias de um macho latino que o bom português exibe com orgulho e ostentação. O forte aroma a cavalo libertado das axilas, o palito que sai do canto da boca, a pilosidade exuberante, a cruz de Jesus ao peito. Mas há algo que os homens tentam disfarçar a todo o custo. É algo sinistro, um monstro que surge lentamente no seio das zonas íntimas do homem e que cresce até proporções inimagináveis. Não, não estamos a falar da micose no escroto. Embora a micose também se trate de um flagelo grave, o gesto de coçar a dita zona adquiriu já o estatuto de "acto viril", sendo inclusivamente apreciado pela comunidade feminina(facto comprovado por estudos científicos). O assunto do nosso post é aquela entidade mítica que dá pelo nome de "chulé". Qualquer um de nós já viveu uma situação na qual, chegados a casa após uma jornada de árduo trabalho, nos sentamos no sofá e atiramos o calçado para um canto (e esperamos que a patroa nos traga os chinelos). Enquanto descontraímos, parece-nos subitamente que a nossa sala se transforma subitamente numa fábrica de queijo da serra. Não é um panorama agradável. Se estivermos sozinhos, abrimos a janela e tentamos esquecer o assunto. Mas a verdadeira humilhaçao ocorre quando este fenómeno se dá na presença de outras pessoas. O aroma espalha-se rapidamente pelo ar e dá lugar aos habituais comentárisop jocosos "Está aqui alguma coisa podre?" ou "Morreu aqui alguém?". Sorrimos então disfarçadamente e argumentamos "Não é dos meus pés!" enquanto os tentamos esconder a ver se disfarçamos o cheiro a leite azedo. Deprimente.
Conscientes da gravidade da situação, a qual atormenta os nossos leitores quase tanto como a crise do sector têxtil no Minho, pesquisámos por uma solução. Não foi fácil, mas finalmente encontrámos um método antigo mas ainda pouco divulgado. Primeiro têm que ter presente um facto, o cheiro provém dos pés e não do calçado, por isso quando numa tentativa de eliminar o cheiro se arruma o calçado para o lado, apenas conseguem aliviar o cheiro. O demónio continua lá nos vossos pés a aumentar cada vez mais o seu poder. Agora conscientes deste facto já podem receber o precioso conhecimento que por tanto pesquisámos. Este envolve a utilização de um recipiente (onde caibam os pés) no qual se coloca uma quantidade decente de água (à temperatura ambiente é suficiente, mas aquecida é mais eficaz). De seguida, despeja-se uma porção generosa de detergente (convém não usar lixívia, pode queimar). Por fim, mergulha-se os pés no recipiente e utilizando as mãos ou preferencialmente uma lixa esfrega-se energicamente de forma a remover as crostas de sujidade e fungos acumulados. Um pouco de água de rosas ajuda a melhorar os resultados da limpeza.
Seguindo à risca os passos acima descritos conseguirão pelo menos temporariamente atenuar o fedor que usualmente é libertado dos nossos pés. Experimentem.
Cumprimentos destes paladinos da higiene pedonal,
LordMaster & Freemantle

quarta-feira, julho 13, 2005 

Velhos são os trapos

Estimados leitores, justificamos a nossa ausência devido ao longo período de meditação e auto-sacrificio a que nos comprometemos nestas férias. Como filósofos membros da aclamada Associação Internacional de Filósofos e Produtores de Queijo de Cabra (AIFPQC), precisávamos de tempo para reflectir profundamente sobre temas que sempre atormentaram o ser humano. Tratando-se o nosso objectivo de conseguir conhecer mais e atingir a verdadeira sabedoria, certamente que nos veio à cabeça o grupo etário que normalmente se associa a esta qualidade – os idosos. Procurámos então pelas ruas desse país aqueles idosos que muitas vezes se vê nos filmes, eremitas mestres de variadas artes e ofícios com muito para ensinar a jovens sedentos como nós. Mas não foi este perfil que encontrámos pelas ruas deste pequeno país. Ficámos inicialmente desiludidos (estávamos à espera de encontrar um Gandalf ou um Mr. Myagi), mas depois compreendemos a verdadeira importância deste grupo social. Vamos relatar o que encontrámos:
- Indivíduos que geralmente possuem mais de 65 anos (a utilização do geralmente deve-se ao facto de haver alguns dos chamados “idosos infiltrados, pessoas mais novas que por variadas razões, como artrites reumatóides crónicas ou disfunção eréctil aguda, conseguem a reforma mais cedo);
- Encontram-se facilmente em praças públicas, bancos espalhados pela cidade ou parques municipais, onde tal como na sociedade grega, se discutem temas profundos, como o reumatismo, a incontinência, futebol, tremoços e amendoins;
- Se estiverem em grupo treinam-se nas artes nas quais quase já atingiram a mestria, como as damas, o xadrez e o dominó. Caso os participantes ainda consigam levantar, ocorrem partidas daquele jogo épico impróprio para idosos cardíacos (pela movimentação exaustiva do braço que exige) – a mítica malha.
- Não satisfeitos com os ensinamentos destas artes que prestam às novas gerações, estes idosos ainda praticam actos de extrema caridade para com um animal que todos adoramos - a pomba. Quantos de nós não vimos já multidões de pombas a sobrevoarem idosos, tal como se circulassem em torno de um qualquer semideusgreco-romano, enquanto o ancião asperge pelo ar, como só um idoso sabe fazer, generosas porções de milho?
- Há quem diga que a vida dos idosos é monótona e estéril em termos de emoção. Nada mais errado! Essas pessoas incultas e ignorantes certamente não estão familiarizadas com o competitivo Campeonato Nacional de Sedentarismo. Neste momento em primeiro lugar está Anacleto Faria, da Buraca, que com aquela extraordinária maratona de 6 horas sentado num banco ultrapassou Joaquina Laurinda, neste momento a segunda classificada.
Certamente que depois de todas estas demonstrações de como os idosos vivem em Portugal, nada melhor do que reflectir sobre muito do bom que trazem à nação. E não é pouco:
- Se os burros (animais de pelo cinzento) estão em extinção, o mesmo não se pode dizer das pombas portuguesas, que cada vez mais proliferam por todo o nosso país. Perguntam vocês em que é que o país beneficia disto. A resposta é mais que obvia, devido às condições favoráveis à multiplicação destas criaturas abençoadas, Portugal tem uma das maiores forças aéreas de todo o mundo. Vocês bem conhecem a sua alta precisão e danos provocados pela artilharia pesada destes animais.
- Estes indivíduos fazem movimentar o lucrativo negócio do mundo do jogo, comprando cada idoso o seu baralho de cartas de papel prensado da china e o tabuleiro de ébano e marfim africanos.
- Contribuem para a ocupação dos bancos de jardim dando assim um ar mais acolhedor aos jardins da cidade. E provocam assim cortes nas despesas de limpeza, já que as pombas ao realizarem as suas necessidades fisiológicas atingem o idoso e não o banco.
Existem ainda aqueles que não gostando do ar puro e limpo da cidade refugiam-se nos chamados lares da 3ª idade. São locais acolhedores onde além da prática das actividades acima descritas existem também os denominados veteranos contadores de histórias à lareira, onde se pode passar uma boa tarde ouvindo as histórias mais inimagináveis das aventuras do Manel da Horta e o seu periquito.

Quando formos grandes queremos ser como vocês,
LordMaster & Freemantle

quinta-feira, junho 09, 2005 

Moda de Verão

Começamos este post com algo nunca antes visto, um breve momento lúdico, uma pequena adivinha para os nossos leitores:
-Que tem em comum o vestuário do taverneiro, do taxista e do trolha português?
(momento de reflexão)
-A mítica camisa de cavas.
Este monumento portátil da cultura nacional são parte imprescendível de qualquer macho digno desse nome. Para além do design confortável e elegante, proporcionam variadas vantagens:
- Permitem exibir "como quem não quer a coisa" os músculos tonificados e bronzeados dos braços;
- Estudos científicos realizados por instituições independentes provam que esta peça de vestuário atrai as mulheres. Isto porque as camisas de cavas, possuindo mangas, permitem a ostentação da farta e densa floresta de pêlos que povoa as axilas dos homens. Esta visão excita muitas mulheres principalmente se, associados à pilosidade, surgirem o suor e o característico e intenso aroma a cavalo usualmente emanados pelos indivíduos do sexo masculino.
- Outro pormenor sublime que demonstra o engenho desta camisa é o seu decote, que revela mais pilosidade. Para um resultado mais eficiente no engate recomenda-se a utilização do artefacto místico que é o crucifixo de ouro. É a esta dupla que se pode chamar de combinação infalível.
Apenas um aviso para os muitos que certamente já se dirigem às lojas para comprar este artigo: não é em qualquer situação que se pode usar esta camisa. Tem de se encontrar numa destas situações: a beber a sua cervejinha fresca com um palito na boca ou a discutir futebol no café enquanto come tremoços e amendoins. É pena, mas seria realmente abusivo que uma arma de sedução de tal porte pudesse ser usada em qualquer altura.
As mulheres já perceberam o poder e aura mística que envolve esta peça, e não são poucos os exemplos de elementos do sexo feminino que ja utilizam camisas deste tipo.
Não deixem desaparecer este importante património nacional!

LordMaster & Freemantle

PS: O Freemantle agradece ao João e ao Ricardo por terem iluminado esta pobre alma que tendo um conhecimento tão pobre sobre o vocabulário português, denominava esta peça apenas de"camisa de taverneiro". Uma lástima...

domingo, maio 29, 2005 

Pizza Hut

Está a decorrer nesta época a comemoração dos 15 anos de uma das maiores instituições de serviço público em Portugal. Não, não estamos a falar da UGT nem da Santa Casa de Misericórdia. Trata-se da Pizza Hut. Conseguimos notar na cara do leitor a surpresa seguida de uma lágrima a escorrer pela face. É algo que nos toca a todos. Quem não lembra da primeira vez que foi à Pizza Hut? Provavelmente muita gente. Mas muitos recordam o momento inesquecível da entrada nesse templo da alimentação. Lembramo-nos do altar sagrado de onde saíam os divinos discos circulares, cujos variados exóticos sabores saciam os palatos mais selectivos. Os experientes e treinados sacerdotes do templo manuseiam com arte e engenho os discos, de modo a trazê-los até aos peregrinos. O prazer de pela primeira vez trincar aquelas suculentas fatias triângulares do paraíso. Memorável. Mentes distorcidas montaram uma conspiração com o objectivo de reduzir os repastos servidos na Pizza Hut a "fast food". Apenas por terem um serviço rápido e extremamente competente levou estas pessoas a pensarem isso. Oh, que maquiavélica e vil ideia, que não poderia estar mais longe da verdade! A massa feita a partir de uma receita passada de geração em geração há vários milénios, os ingredientes frescos e selecionados por técnicos competentes e especializados, o procedimento meticuloso seguido na confecção da pizza propriamente dita. Todos estes factores elevam uma refeição na Pizza Hut a muito mais que "fast food". Malditos os que tentam denegrir o bom nome desta instituição.
Parabéns Pizza Hut e que continues a exercer essa arte por muitos e longos anos.
Cordialmente,
LordMaster & Freemantle

quarta-feira, maio 18, 2005 

Guardiões do Estacionamento

Quantas vezes ao procurar estacionamento para o carro não se sente desnorteado? No meio do caos de carros amontoados, multidões a passarem, já todos nos sentimos perdidos e incapazes de encontrar um local para deixar o carro. Nesta altura, quase caímos no desespero. Mas subitamente, alguém se aproxima. Um indivíduo do sexo masculino, mal vestido, com barba por fazer e cara vermelha (talvez da bebida), surge do nada e começa a dar indicações. Com a precisão, rigor e savoir faire próprios da experiência, o invidíduo gesticula os braços de forma infalível e orienta o nosso veículo para um lugar seguro. Os arrumadores são verdadeiros heróis incompreendidos da nossa sociedade. E passamos a explicar a razão de serem incompreendidos. É que após prestarem tal nobre serviço, pedem apenas como recompensa uma mísera moeda. E há pessoas que se recusam a dar seja o que for. Que vís, avarentos forretas indivíduos são estes que demonstram tal ingratidão. Que corações de pedra habitam nos seus peitos.
É que o arrumador, na sua interminável generosidade presenteiam aquelas que forneceram algumas moedas com um outro tipo de assistência, tornam-se guardiões do carro. É verdade, os arrumadores de carros defendem os carros com as suas próprias vidas! Que feito louvável, que coragem! Nota-se realmente a eficácia deste serviço, porque verifica-se que apenas os carros daqueles que não deram moedas aparecem riscados!
Obrigado, Arrumadores de Portugal!
LordMaster & Freemantle

PS: Queremos deixar bem claro que o facto destes heróis andarem sempre com garrafas na mão, não é por serem uns bêbados, mas SIM porque dominam as mais variadas técnicas de Kung-Fu, entre elas a famosa "Drunken Monkey".